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Faltam menos de 12 meses para o Campeonato Mundial da FIFA e no Brasil, o país fanático por futebol onde o evento será realizado, a emoção será tangível diante desse espetáculo de transmissão mundial que está pronto para ser realizado, o que acontecerá com a indústria satelital da região?
A sorte tem estado, sem dúvida, do lado do Brasil nos últimos tempos. Já é suficientemente difícil vencer a licitação para um grande evento esportivo, de modo que ser anfitrião de dois deles, o Campeonato Mundial da FIFA e os Jogos Olímpicos em um prazo de apenas três anos, é um estímulo enorme, não só para o Brasil, mas também para a região.
Agora, empresas como a TV Globo, a maior emissora do Brasil, enfrentam o desafio de que a transmissão desses eventos seja um sucesso nos próximos três anos. Fernando Bittencourt, Diretor Executivo de tecnologia da TV Globo, admite que o principal desafio da emissora no próximo ano será cobrir o Campeonato Mundial no próximo verão.
“A TV Globo não será responsável pela transmissão internacional do Campeonato Mundial de 2014 ou dos Jogos Olímpicos de 2016, mas estes serão eventos comuns para nós. Geralmente, cobrimos apenas a seleção brasileira em um Campeonato Mundial que está sendo realizado em outro país, e recebemos da FIFA, ou de outra empresa, a cobertura de outras equipes. No entanto, desta vez, cobriremos o evento em 12 cidades e incluiremos as 32 equipes”, declarou.
Segundo Bittencourt, o ano do Campeonato Mundial é tradicionalmente o momento em que as pessoas compram novos aparelhos de TV, e um dos termômetros principais de sucesso para a empresa será conseguir que domicílios do Brasil assistam ao evento pela TV Globo, em alta definição (HD).
Oscar Lopez, presidente da Overon America, admite que a empresa de soluções de mídia também está intensificando sua presença em virtude do Campeonato Mundial. “No Brasil, realizaremos uma grande operação para o Campeonato Mundial. Implementaremos a recepção de informações por satélite (SNG) para cobrir todo o evento. Todos querem estar no Brasil, entretanto, é um país complexo, com uma série de barreiras para o ingresso. Entretanto, nós estaremos lá, pelo menos para os grandes eventos que se aproximam”, declarou. Niclas Ericson, diretor de televisão da FIFA, admite que o Campeonato Mundial pode significar, muitas vezes, uma plataforma para novas tecnologias. Isto foi o que ocorreu em 2010. “Para o projeto de televisão em 3D de 2010, tínhamos nove canais que recebiam transmissão em 3D, com distribuição em todo o mundo, 650 cinemas que transmitiram a partida final, e um projeto cinematográfico com a Sony. Isso também foi feito em um período de tempo muito curto. Sem dúvida, era um projeto muito caro, mas as recompensas valiam a pena. Em 2014, já existirão fabricantes com capacidade de produzir partidas de futebol em Ultra-HD (UHDTV), e então, voltamos para a economia”, afirmou.
Em 2010, a FIFA TV trabalhou diretamente com a indústria satelital para a distribuição da transmissão internacional. Também atuou com empresas como a Eutelsat e outros provedores para a distribuição cinematográfica em 3D que ofereceu em 2010. Há outras questões que também devem ser levadas em conta.”Estamos conscientes da ‘fuga’ satelital (ou seja, as transmissões não cifradas que se estendem a vários territórios). Participamos do monitoramento das ações de cada transmissão. Devemos assegurar que tudo chegue ao consumidor de uma forma contínua e segura. Nos comunicamos diretamente com as emissoras e operadoras satelitais em relação a este aspecto de um Campeonato Mundial da FIFA”, disse Ericson.
Largura de banda satelital
A América Latina já é uma região vibrante para a indústria satelital. Tem atraído muitos operadores que procuram vender capacidade, uma vez que os países procuram reduzir a exclusão digital e trazer mais ofertas de vídeo para os clientes. Durante o Campeonato Mundial da FIFA no próximo ano e os Jogos Olímpicos de 2016 ocorrerá, sem dúvida, um aumento da demanda de largura de banda satelital.
Estes eventos serão altamente significativos para a Star One, principal operadora satelital do Brasil, e sua controladora Embratel, uma das principais empresas de telecomunicações do país. A Embratel foi eleita como o patrocinador de Telecomunicações dos Jogos Olímpicos 2016 que serão realizados no Rio de Janeiro, em 2016. “Isto trará oportunidades significativas para a Star One, em termos de capacidade satelital. Ambos os eventos nos oferecem uma extraordinária oportunidade para vender a nossa capacidade”, disse Gustavo Silbert, Diretor Executivo, Star One.
Carmen González-Sanfeliu, vice-presidente regional da Intelsat, América Latina e Caribe, admite que com o Campeonato Mundial e os Jogos Olímpicos em um prazo de três anos haverá um aumento na demanda de largura de banda, uma vez que se espera que mais de 100 milhões de telespectadores da América Latina assistam a ambos os eventos. Além disso, os eventos atrairão um público global de mais de três bilhões de pessoas, um número bastante impressionante. González-Sanfeliu diz que a Intelsat dedicará ampla capacidade satelital em múltiplos satélites para cobrir os eventos.
“Para o Campeonato Mundial de 2010, na África do Sul, dedicamos mais de 900 MHz de capacidade satelital em nove satélites de nossa frota global. Para os Jogos Olímpicos de Londres 2012, usamos 500 MHz de largura de banda em 11 satélites que transmitiram para aproximadamente 50 canais, com 15.000 a 20.000 horas de cobertura. Diante do alto interesse global que será gerado pelo Campeonato Mundial de 2014, esperamos fornecer quantidades similares de capacidade”, declarou.
A Intelsat terá capacidade disponível em múltiplos satélites, incluindo Intelsat 805, Intelsat 904, Intelsat 905, Intelsat 11 e Intelsat 21, e disponibilizará múltiplos repetidores para titulares e não titulares de direitos de autor que transmitam ambos os eventos.
Dolores Martos, vice-presidente de vendas América Latina e Caribe, SES, também considera que os satélites terão um papel significativo nestes eventos esportivos, especialmente porque as empresas de telecomunicações necessitarão de mais capacidade diante do aumento do acesso a conteúdo através de dispositivos móveis. “A infraestrutura de telecomunicações e radiofusão enfrenta grandes desafios para que o conteúdo chegue ao público. No Brasil, os satélites irão desempenhar um papel importante. No que se refere às empresas de telefonia móvel, observa-se que adquiriram cada vez mais capacidade para chegar a áreas remotas e fornecer ofertas adicionais.Todos eles estão se preparando para este grande evento. As redes móveis terão de enfrentar o desafio de administrar um pico substancial de demanda. O governo tem uma meta de conectividade bastante ambiciosa. Creio que as transmissões de vídeo e banda larga que ocorrerão nestes eventos se relacionarão diretamente com as demandas de capacidade satelital”, declara.
Ignacio Sanchis, diretor executivo comercial de Hispasat, opina que esses eventos esportivos contribuirão para o crescimento acelerado da demanda de capacidade satelital durante os próximos três anos. Sanchis espera ver um aumento significativo da demanda de serviços de vídeo e, em especial, de serviços de uso ocasional, que acredita poderem facilmente dobrar durante este período.
Definição Ultra-alta (Ultra-HD)
Uma das principais mudanças nas transmissões, inclusive desde Londres 2012, tem sido o crescimento em direção à ultra-alta definição (UHDTV), que oferece uma melhora na qualidade das imagens e, naturalmente, requer mais largura de banda para a transmissão. Embora seja fato que aparecerá no Campeonato Mundial do próximo ano, parece que o grande impacto seria nos Jogos Olímpicos dois anos mais tarde.
Bittencourt admite que a UHDTV será uma das novas tecnologias que aparecerá para cobrir esses eventos nos próximos três anos. A Copa das Confederações, outro importante evento desportivo internacional, serviu como ensaio este ano para a TV Globo. Curiosamente, a UHDTV participou aqui. “Estamos investigando todas as aplicações 4K que melhoram a operação da alta definição (HD). Na Copa das Confederações da FIFA, experimentamos unir duas câmeras 4K para criar repetições que não podiam ser implementadas com as câmeras de alta definição (HD) regulares. Não temos planos de transmitir em 4K ainda, mas estamos atentos a todas as oportunidades que possam surgir para esta tecnologia”, afirma Bittencourt.
Para colocar isso em contexto, a TV Globo ainda está na parte final de sua transição de SD para HD, e este processo tem tomado tempo. “Fizemos a transição [SD a HD] desde 2007, sem problemas. Cada novo sistema que substituiu um anterior ou obsoleto foi criado em HD. Todas as instalações novas têm capacidade para HD”, completa Bittencourt.
A Intelsat se uniu a Ericsson para demonstrar uma transmissão de UHDTV na América do Norte, algo que González-Sanfeliu denomina “um marco importante”, porém, ela espera que a UHDTV tenha um grande impacto nos Jogos Olímpicos 2016, mais do que no Campeonato Mundial de Futebol no próximo ano. “Temos certeza de que o impacto da UHDTV será devido ao tempo de desenvolvimento, e o impacto da imagem em 3D parece estar diminuindo, como é evidente pelos anúncios, como o da emissora ESPN de que está encerrando seu canal 3D”, acrescenta.
Sanchis também é cautelosa quanto ao tipo de impacto que poderia ter a UHDTV nesses eventos. A Hispasat já realizou várias manifestações, que incluem o que afirma ter sido a primeira transmissão via satélite de conteúdo 4K para a América Latina realizada no Brasil, em maio. A empresa também anunciou que lançará um canal UHDTV permanente na área da Europa e América do Norte, em setembro.
“Todos consideram esses eventos como uma inovação para a ultra-alta definição, mas a tecnologia ainda está em seus estágios iniciais, de modo que ainda há um grande caminho por percorrer para poder prever o impacto em termos de demanda”, opina Sanchis. “Esperamos que se realize uma transmissão ao vivo ‘experimental’ de definição ultra-alta durante o Campeonato Mundial da FIFA 2014, mas ainda não chegará ao consumidor. Os Jogos Olímpicos de 2016 serão um evento que marcará a implantação maciça real da definição ultra-alta entre os consumidores, começando com os assinantes de TV por assinatura (DTH). Confiamos que todos os elementos (códecs avançados, silício, decodificadores para os consumidores, etc.) estarão disponíveis a tempo para permitir a chegada deste marco”.
Martos acredita que esses eventos esportivos servirão como catalizadores para a UHDTV. “Creio que quando começarem os Jogos Olímpicos, haverá uma maior combinação deste tipo de conteúdo. Participamos do desenvolvimento de um novo padrão: HEVC. Esta tem sido uma importante inovação”, declara.
A chave, de acordo com Sanchis, será a rápida adoção da alta definição (HD) como resultado desses eventos esportivos. “Esperamos que a imagem em 3D tenha um impacto marginal, dado que esta tecnologia não conseguiu ter sucesso entre os consumidores”, diz ele. “A definição ultra-alta (UHDTV) certamente irá requerer mais largura de banda, apesar das melhorias na tecnologia de compressão, mas o impacto nos próximos anos ainda será limitado, já que representa uma pequena parte do mercado da radiodifusão. A alta definição (HD) impulsionará a demanda, e esperamos que a sua adoção se estenda na América Latina no curto prazo, com uma contribuição importante dos eventos esportivos mencionados. Isto terá um impacto muito positivo na demanda satelital de contribuições de vídeo e segmentos de distribuição, uso ocasional e televisão por assinatura (DTH).”
Após os eventos
Uma das principais preocupações diante do possível aumento da demanda de capacidade satelital neste eventos é o que irá acontecer quando eles finalizarem?
Martos considera que não se produzirá uma situação de excesso de oferta, uma vez que as empresas satelitais que lançaram novos satélites venderam a sua capacidade com bastante rapidez. González-Sanfeliu, também está confiante na demanda da região. “Temos visto como a demanda regional forte se separou da demanda para estes eventos especiais ao vivo, e esperamos que continue independente do Campeonato Mundial de Futebol, dos Jogos Olímpicos, ou outros eventos esportivos”, afirma.
Sanchis compartilha esta ideia, e declara que mesmo que haja uma diminuição em temos da demanda de serviços de uso ocasional, a demanda pela capacidade satelital continuará crescendo no futuro previsível. “Apesar do fato de que a oferta também crescerá no curto prazo, esperamos que as taxas de cobertura continuem sendo abundantes na região”, declara. “Também esperamos ver uma realocação temporária da capacidade para a América Latina durante este período, que poderia ser, mais tarde, reorientada para outras áreas, suavizando qualquer potencial efeito de excesso de oferta.”
Certamente, os eventos criarão múltiplos desafios para a infraestrutura de comunicações do Brasil. “Ter toda a infraestrutura necessária disponível é um desafio para toda a indústria: não apenas com relação à capacidade satelital, mas também e notavelmente, para a infraestrutura da recepção de informação por satélite (SNG). Este desafio é particularmente importante para o desenvolvimento das estruturas do país, desde o transporte até as comunicações. Muito já foi feito e muito está sendo feito para criar redes sólidas de comunicações. As comunicações satelitais têm um papel fundamental a desempenhar na complementação do desenvolvimento de redes terrestres, bem como ajudar a acelerar suas implantações,” disse Sanchis
González-Sanfeliu acrescenta, “Esperamos que a infraestrutura de comunicações do Brasil esteja preparada para satisfazer as demandas de radiofusão destes dois eventos. A indústria satelital continua sendo um fator primordial para as empresas de radiofusão a medida que definem os serviços de transmissão para sua programação, especialmente quando se trata de eventos de alto nível.”
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