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Jacinto Cavestany PhotoBT, a empresa de telecomunicações do Reino Unido, é uma das maiores compradoras de capacidade satélite na região. Esta operadora vem desenvolvendo sua presença na América Latina e precisa de capacidade satélite para prestar serviço a toda uma série de clientes empresariais. Jacinto Cavestany, seu vice-presidente para América Latina em BT Global Services, discorre sobre os planos da empresa para expandir sua presença na região e o lugar da capacidade satélite em sua estratégia geral de comunicações.

VIA SATELLITE: De que maneira a BT procura aumentar seus rendimentos na América Latina? Em que segmentos do mercado a operadora vai-se concentrar para ampliar seus negócios?

Cavestany: Começamos há quase uma década na América Latina com alguns dos maiores contratos globais que celebramos, especialmente o da Unilever. Foi de certa maneira uma ação mais passiva, no sentido de que tivemos de começar as operações assim porque alguns de nossos clientes globais tinham operações na região. Nesse momento, durante certo tempo nos concentramos em prestar serviços na América Latina. Não buscávamos clientes na região proativamente. Fomos muito reativos na gestão de contratos. Isto aconteceu de forma substancial.

Também adquirimos duas empresas, o qual na verdade começou a melhorar a zona de recepção de nossos sinais na região. Uma delas foi a Infonet, uma empresa estadunidense com forte presença na América Latina, principalmente através de distribuidores. Não havia uma força de vendas direta, mas sim uma vigorosa rede de distribuidores. A segunda compra foi a Comsat, outra companhia estadunidense que somente atua na América Latina. Conta com uma boa força de vendas nos principais países latino-americanos e fantásticos especialistas em comunicações satelitais. Consideramos esta empresa como uma magnífica oportunidade de vender nossos serviços a clientes empresariais latino-americanos assim como melhorar nossa zona de recepção na região com conectividade satélite, que prognosticamos vai ser importante durante pelo menos duas ou três décadas, até que se tenha instalado cabo por todas as partes. Assim, nos últimos quatro anos, o que fizemos foi aproveitar esses ativos e nossos contratos globais com empresas tais como Fiat, Pepsi e outras. Temos trabalhado com empresas latino-americanas de importância que estão começando a se converter em multinacionais. Também tivemos sucesso com administrações públicas, sobretudo na Colômbia e no Brasil, fechamos contratos com a Caixa Econômica Federal e com os Correios no Brasil, e com a Compartel na Colômbia. Todos esses contratos aceleraram nosso crescimento na região. Fomos capazes de equilibrar nossas capacidades globais com as oportunidades de crescer com estas “multilatinas” assim como com as administrações públicas.

VIA SATELLITE: Como usam a tecnologia satelital com outras tecnologias de telecomunicações para prestar serviço aos clientes na região?

Cavestany: Na região, nossa principal conectividade atualmente provém da tecnologia satelital. Ao fim de 2012, contaremos com 40.000 sítios de clientes conectados na região, a metade dos quais do Brasil. Somos uma das empresas singulares que opera cinco enormes teleportos satelitais na região. Contamos com fluidez na conectividade com todos nossos clientes, desde o México até a Argentina. Para nós, isto representa uma vantagem incrível. Também estamos investindo em redes de fibra óptica em São Paulo e já fizemos investimentos desse tipo em Bogotá e Buenos Aires. Também vamos implementar 20 por cento de nossos “POPs” de “MPLS” na região. Isto é de fato significativo porque somos da opinião que a integração entre nossa rede global de MPLS e a capacidade satelital da região será bastante sui generis. Todos os clientes da BT em qualquer parte do mundo poderão ter uma rede singular na região, e todos os processos, desde a fixação de preços até a entrega e manutenção estão bastante bem integrados. Assim, pensamos que o equilíbrio entre as redes satelitais e as fixas seja verdadeiramente uma de nossas principais vantagens, e prevemos que os serviços satelitais continuarão a crescer. Os satélites constituem um recurso escasso na América Latina, de modo que estamos entre as três maiores compradoras desse recurso e queremos manter nossa posição de vantagem.

VIA SATELLITE: Que níveis de crescimento procuram alcançar na América Latina nos próximos dois ou três anos?

Cavestany: Estamos tentando duplicar nosso tamanho nos próximos dois ou três anos. Temos planos de investimento para o Brasil, Colômbia e México, onde queremos duplicar nosso tamanho. Em três anos, esperamos estar crescendo mais rapidamente do que o mercado. Entretanto, a realidade é que propomos alcançar um crescimento de duas cifras altas nos países que mencionei e perto de duas cifras nos demais países onde estamos investindo menos, mas atuando de uma maneira mais pró-ativa.

VIA SATELLITE: Como a recessão econômica exerce um impacto muito leve na região, acredita que esse crescimento econômico seja sustentável em médio prazo?

Cavestany: Achamos que sim. É claro que a América Latina está vivenciando uma enorme transformação em suas economias, e creio que aprenderam a lição do passado, quando sofriam com um elevado nível de endividamento e uma baixa taxa de crescimento econômico. O que está ocorrendo agora é que explodiram as exportações de alimentos e outros produtos para China. A capacidade de exportação da região vai perdurar e parece que a América Latina vai ser um importante provedor de exportações de alimentos, energia e durante muitíssimo tempo. Isto está gerando crescimento econômico em muitos países como o Brasil, Colômbia e Peru, onde os consumidores estão ingressando no mercado aos milhões. Isto eleva o consumo interno desses países. Creio que este processo poderá durar pelo menos uma década. Se puderem manter a estabilidade do ponto de vista macroeconômico e reduzir a dívida, podemos esperar uns anos excelentes na América Latina. Os problemas econômicos na Europa e América do Norte não provocam muito impacto nessa região. Talvez afetem o México, mas na verdade não afetam nenhum outro lugar.

VIA SATELLITE: Considerando a presença de importantes empresas de telecomunicações na região, especialmente as de idioma espanhol e português, quão difícil é para uma operadora como a BT ter impacto na região?

Cavestany: Especializamo-nos muito em clientes empresariais globais. Embora haja empresas de telecomunicações de muita importância na região tais como a Telefónica, Telmex e Portugal Telecom, nossa capacidade de manter um enfoque global em lugar do enfoque multilocal, como está fazendo a maioria destas outras companhias, nos permite enfocar no mercado de uma maneira bem diferente. Dado que a maior parte destas empresas se concentra muito nos mercados de consumo, nossa especialização em clientes globais, as “multilatinas” e os governos nos confere uma oportunidade incrível para competir com elas com sucesso. Também oferecemos serviços em muitos países, com uma oferta bastante integrada. Se nos comparamos com estas empresas, elas fazem uma oferta distinta em cada país e depois tentam integrar. Na minha opinião, a nossa capacidade de ser uma empresa global com olhos no mundo e para ele direcionada é o que nos diferencia. Esta capacidade de ver a América Latina como uma região para depois oferecer serviços integrados é verdadeiramente singular, e não creio que haja muitos concorrentes desse tipo na região.

VIA SATELLITE: O que nos poderia dizer acerca de seus planos quanto a gastos de capital na região? Quais são seus investimentos nas redes?

Cavestany: Não divulgamos as cifras dos gastos regionais de capital, mas sim podemos adiantar que temos três importantes planos de investimento para os próximos três anos. Quanto à infraestrutura, vamos aumentar nossos pontos de presença de MPLS. Isso é muito importante. Temos que estar muito perto dos sítios de nossos consumidores, caso contrário nossos custos para a última milha podem ser enormes. Para tanto, planejamos aumentar nossos pontos de presença em mais de 20 por cento na América Latina. Queremos chegar a um nível de 105 POPs na região. Isso é um número verdadeiramente alto se comparado com os que têm outras provedoras de serviços de telecomunicação empresariais na região. Estamos desenvolvendo Interfaces de rede a rede (“NNIs”) na região que interconectem a nossa rede global MPLS com as demais empresas regionais importantes. Isto nos permitirá ser muito competitivos quando oferecermos serviços de última milha em toda a região, além de complementará nosso investimento em Pontos de Presença. Também estamos construindo dois centros de dados novos na Colômbia e no México. O da Colômbia já está operando. Esses se somarão aos que já existem em São Paulo e em Buenos Aires. Também gostaríamos de aumentar nossos serviços de nuvem na região. Poderemos fornecer esses serviços aos clientes na região assim como os de fora que queiram serviços de nuvem nessa área. Também aplicamos nossas energias na criação de três centros de excelência na região, um no Rio de Janeiro para a porção satelital, outro em Bogotá para os serviços de centro de dados e segurança e um no México para os serviços de nuvem e telefonia IP. Esses três centros de excelência ajudarão a todos os nossos clientes a fazerem a transição para esses tipos de serviços. Também vamos contratar 250 pessoas, o que aumentará nossa força laboral na região em 20 por cento nos próximos três anos. A maioria dessas contratações terá lugar no início da implementação do plano. Contaremos com um número expressivo de recursos humanos em vendas, assim como engenheiros que nos ajudarão com o crescimento que por sinal já estamos presenciando.

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